sábado, 22 de julho de 2017

O PRECARIADO E A DESINVENÇÃO DO MUNDO

Prof Eduardo Simões

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__ Tive oportunidade em outro artigo, A mulher e a reinvenção do mundo, de ressaltar a importância do lar e tudo aquilo que ele representa como aconchego, segurança, proximidade, solidariedade familiar, e outras virtudes análogas, para o formidável desenvolvimento da humanidade ao fim da Pré-história, e nos períodos seguintes, em que pese as grandes dificuldades que o lar encontra em virtude de caos e conflitos criados nos espaços públicos, em geral por homens, como guerras, concorrências desleais, políticas econômicas desastrosas, etc.
__ Portanto, mudanças e movimentos ocorridos na área do espaço público, ainda que não tão graves como uma guerra, podem sim ameaçar a estabilidade de lares e, com isso da própria sociedade, à medida que compromete as fontes de sustento próprias de uma sociedade industrializada ou cria situações de estresse para o desenvolvimento tranquilo da família; no momento atual vemos isso acontecendo nas diversas formas de precarização do trabalho, à guisa de estimular o empreendedorismo, presentes na atual reforma trabalhista do governo Temer, a partir da cartilha “trabalhista” criada pelo PSDB de São Paulo – a aprovação dessa reforma mostra bem o tipo de entranhas desse governo: num momento aprova a reforma trabalhista e no outro aumenta os impostos; a mensagem é clara: o governo continuará saqueando as empresas, por meio de impostos, enquanto os empresários ficam liberados para compensar as perdas, esfolando um pouco mais a sua mão-de-obra. Em linhas gerais, é interessante notar como, a esse respeito, a história se repete.
__ No início do século XIX, disseminou-se nos meios mais cultos e entre o empresariado a tese de um pesquisador inglês, Thomas Robert Malthus – esmiuçada em seu livro Ensaio sobre o princípio da população, de 1798 – de que população cresceria sempre a uma taxa superior à da produção de alimentos, de tal forma que num futuro não muito distante, o descompasso entre a oferta de alimentos e a sobredemanda da população acabaria por arrastar as sociedades ao caos. Associada a essa tese, apareceu, anos mais tarde, uma conclusão um tanto forçada da teoria evolutiva de Charles Darwin, conhecida como “’darwinismo social”, que tentava apresentar as pessoas pobres, em geral a massa trabalhadora no campo e nas cidades, como os indivíduos “menos aptos” da espécie, e, portanto, o “ponto fraco” do edifício social; logo é preciso evitar que os pobres se multipliquem, sua pobreza denúncia sua “inaptidão natural”, ou como um aforismo muito popular na época: “a melhor coisa que você pode fazer por um pobre é não ser um deles”.
__ Na esteira dessas hipóteses espalhou-se, no meio empresarial, a prática de pagar os menores salários possíveis aos seus empregados, apenas aquilo que lhes permitisse minimamente sobreviver, seja por um lado, para evitar a explosão demográfica e o caos final da sociedade humana, previsto pelos malthusianos, seja para impedir que a sociedade nacional se enfraquecesse, perante outras nações, num momento de forte afirmação nacional e concorrência comercial em escala planetária, pela multiplicação dos “menos aptos”, justificado pelos argumentos de um dos economistas liberais mais brilhantes, David Ricardo, na sua chamada “lei férrea dos salários” – as colônias, nessa época, serviram muito também às metrópoles como destino final para esses “indesejáveis”, sem falar em duas guerras mundiais, que lhes reduziram bastante o seu número. Acrescentem-se às consequências dessa política a explosão das margens de lucro do empresariado e uma imensa concentração de riquezas, graças à exploração brutal da mão-de-obra! Hoje nós sabemos que tudo isso foi, e é, um engano: a explosão demográfica foi contida, a produção de alimentos multiplicada pelo desenvolvimento tecnológico e as teses racistas do passado não podem estar mais desmoralizadas. Mas quantos não pagaram, e pagaram muito caro, por esse erro?
__ Hoje, outra nova e brutal mitologia ameaça o futuro de muitos; daqueles que não vão herdar fortunas ou negócios milionários de seus pais, que precisarão trabalhar para se manter, uma vez que as novas formas de trabalho, a pretexto de liberdade e realização pessoal estão precarizando as relações trabalhistas, cortando ou enfraquecendo os vínculos dos empregados com sua empresa, gerando um ambiente de insegurança econômica e jurídica estrutural na sociedade. Usando a metáfora da Pré-história, e como se os caçadores induzissem o urso a entrar na caverna, onde estão mulheres, crianças e velhos, para, lá dentro, tentar abatê-lo. Quais são as chances de isso dar certo?

“Não leve problemas do trabalho para dentro de casa”

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__ Diziam os antigos, para manter o caráter do lar como lugar de descanso e reposição de energias  do guerreiro, nos dias de hoje coisa é vista de modo inverso: “não traga problemas pessoais para dentro da empresa”, pois o lar e a família perderam importância diante das possibilidades de lucro, ganhos e oportunidades a cada minuto que passa. Nada pode se perder, enquanto os antigos faziam seus cálculos deixando de lado a “parte das saúvas”, e por isso sofriam menos; mas não é só a tranquilidade do lar que está ameaçada pela “revolução” do trabalho em curso.
__ Por trás dessa nova “onda” está uma concepção de ser humano nascida nos laboratórios das universidades e centros de pesquisas, no início do século passado, que acirraram e sofisticaram a matriz psicológica do empirismo, passando pelo comportamentalismo até chegar ao behaviorismo, em que o móvel das ações humanas é colocado ao mesmo nível do de animais “irracionais”, cujo comportamento, estudado amiúde em diversas situações, serve como parâmetro para explicar o comportamento humano. Como no darwinismo social, a vida “bruta” é usada para definir e orientar o comportamento de animais pensantes e simbólicos, da complexidade de um ser humano. Para essa gente as nossas necessidades são apenas aparentemente diferentes da dos outros animais, e a nossa complexa afetividade algo perfeitamente descartado.
__ Por essa via transitam as últimas reformas de ensino feitas no Brasil, em São Paulo de uma maneira muito particular, a qual foi assumida pelo governo Temer, seja por crença sincera seja por necessidade política gerada pelo excesso de insinceridades, reforma essa baseada na presença compulsiva e exaustiva do aluno em sala de aula, durante dois expedientes, com salas absurdamente lotadas, onde a aprendizagem, à semelhança da hipertrofia muscular de um mamífero qualquer, é provocada pelo acúmulo de conteúdos absorvidos acriticamente, permeada com atividades físicas e culturais diversas, como que “molduras”, desconsiderando-se grosseiramente o caráter formativo, espiritual, das artes (vistas apenas como uma mercadoria, donde os manuais enfadonhamente descritivos), do esporte (visto como uma forma de “manter a saúde” e reduzir as despesas com a saúde pública, decorrente do sedentarismo que afeta os lucros das empresas e aumenta custos da saúde pública e dos planos de saúde privados), e da socialização, onde entram aspectos fundamentais da afetividade. Quem quer saber de dinâmica de grupos?
__ Por trás disso há um discurso bem articulado, simétrico ao do início do século XIX, embora com o mesmo objetivo, que é o da necessidade de criar um “capitalismo para todos” ou “desenvolver o empreendedorismo”; ou seja, forçar o ser humano a se adaptar às novas tecnologias, como no século XIX se lhe forçou a se adaptar ao maquinismo nascente, para gerar mais renda a quem já as tem sobrando! A lógica é mais ou menos a seguinte: “empreendedor é aquele que topa e gosta de correr risco; ora, se o patrão corre riscos, porque o empregado não pode correr também?” Apresenta-se ainda a suposta vantagem de o trabalhador, um dia, tornar-se um empreendedor, como o seu atual patrão, agora transformado em um sócio.
__ Numa perspectiva behaviorista, nada há com que se preocupar. Todos os ratos são iguais e reagem da mesma forma aos mesmos estímulos, e o mesmo acontece com os homens, logo estes podem ser treinados para se tornar empreendedores, em que pese as definições conflitantes desse construto social, assim como as formas como ele se manifesta na sociedade o ser bem-sucedido. Em muitas comunidades de periferias, por exemplo, o modelo de sucesso que atrai tanto rapazes como moças, por motivos diversos, são gente que as sociedades centrais, ou de nível sociocultural mais alto têm por “marginal”, sobre isso voltaremos a tratar mais à frente, que tal “sociedade” vai acontecer entre dois polos com poder de barganha desigual, onde um dos sócios tem gordura financeira para aguentar a espera por um sócio mais adequado, enquanto o outro, o ex-trabalhador, precisa o quanto antes iniciar-se numa atividade econômica que lhe possibilite garantir alimento, vestuário e moradia. Qual é a diferença dessa política daquela do início do século XX, quando os operários eram obrigados a trabalhar até 12-14 horas por dia, por patrões que diziam: “só trabalha na minha fábrica quem quer”!
__ Se a questão é ser um empreendedor, e isso vai se tornar quase obrigatório com a nova lei, surge uma questão que o Estado precisa responder e por a solução em prática urgentemente: como é que se forma, se é que existe uma fórmula infalível, um empreendedor? As escolas, em especial as públicas, estão fazendo movimentos nessa direção? O currículo de nossas escolas estimula a criatividade, virtude básica de todo empreendedor, ou busca respostas estereotipadas por meio de uma infinidade de testes de múltiplas escolhas e avaliações quantitativas, modelo PISA, mais adequadas a “burros de carga”? A metodologia usada na transmissão dos conteúdos em sala de aula favorece à problematização da matéria? Como ser empreendedor sem saber resolver problemas ou enxergá-los de maneira inovadora, justo o que não há em sala de aula? A quantidade de alunos em sala de aula favorece à formação de pequenos grupos homogêneos, semelhantes àqueles que  assessoram os empreendedores ou mais parecem latas de sardinha lotadas de alunos, com níveis de formação, e informação, completamente díspares? A organização das carteiras favorece à comunicação entre todos, vital no processo de empreendedorismo, ou segue as tradicionais fileiras de consumidores passivos engolindo acriticamente o discurso dos professor? Como fazer para que um aluno tímido, mas criativo, se sinta encorajado, em meio à multidão anárquica de seus colegas a se manifestar e enriquecer o grupo com seus talentos, como acontece num ambiente empreendedor? Que falar da motivação, elemento chave de todo empreendedor, fortemente ligada ao desenvolvimento da afetividade; o Estado se propõe a COMEÇAR a lidar com essa questão? Etc. etc. etc.
__ Mesmo supondo, behavioristicamente, que a educação é um sistema linear, e que os alunos se transformarão, como que magicamente, em empreendedores, se os professores os forçaram a ler os manuais de matemática financeira que inundam as escolas e ouvirem eventualmente palestras e projetos sobe o assunto, dadas por estranhos ao ambiente escolar, é claro, uma vez que os professores estão sobrecarregados de relatórios e planejamentos, sem falar da atenção a levas de alunos especiais, para os quais não receberam qualquer formação digna de nota, e os alunos com ligação com o crime organizado, em geral comércio de entorpecentes. É razoável desconsiderar a opção final do aluno que, a ser empreendedor, prefere sonhar com uma vida tranquila e pacata de trabalhador numa empresa? O que um patrão perde com a fidelidade e o empenho de seu empregado?
__ Bem, se o empreendedorismo for objetivo e não opção, falta acertar uma coisa com os principais interessados.

Melhor combinar antes com os russos

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__ Nossos políticos, os gestores do Estado, podem, escutando meia dúzia de intelectuais e empresários, que sempre se protegeram à sombra do Estado, desde o berço, na ditadura Vargas, até os bombásticos campeões de Luis Inácio Lula da Silva, decretar, por meio de lei, o fim do emprego estável ou a exaltação do “risco” para todos, tanto para os que lhe têm vocação, como os que lhe são avesso, pelos mais diversos motivos, alguns muito pessoais e profundos, que não podem ser abolidos de uma hora para outra por decreto ou lei votados de afogadilho por uma assembleia corrupta e desmoralizada aos olhos da nação, sem com isso querer dizer que tudo na atual reforma trabalhista é negativo, e que o modelo anterior precisava ser mantido em todos os detalhes. A paralisia leviana e oportunista da esquerda, sobre a atualização da legislação trabalhista, e a ganância da direita impediram um debate mais amplo e aprofundado sobre essa reforma, que agora nos desaba sobre a cabeça, e que vai mexer com a vida de milhões.
__ Ouvir de empresários e nossos políticos afirmarem que essa reforma vai melhorar a situação dos trabalhadores, que vai gerar mais emprego, a revelia das condições atuais do trabalho e dos trabalhadores em nossa sociedade, dá-nos tanta confiança nisso quanto suas juras de que são inocentes dos crimes a eles imputados, e nos obriga a ficarmos ainda mais atentos ao perigo que representa, para o Brasil e para o mundo, essa sensação generalizada de uma falta de uma segurança mínima, cotidiana, que só o trabalho com carteira assinada e direitos estáveis pode trazer, exceto para aqueles vocacionados para o risco, e que parece ser um traço comum a muita gente, independente das características ou do momento econômico da sociedade em que vive.
__ Na Inglaterra, um pesquisador universitário, Guy Standing, causou uma certa apreensão ao lançar o seu livro Precariado: a nova classe perigosa – no sentido que ela substitui, no ambiente europeu, a vertente revolucionária do antigo operariado marxista, sempre pronto para por o dedo na ferida da burguesia – uma vez que essa classe surge justamente do ambiente de incerteza que cerca a fórmula do “capitalismo popular” ou “empreendedorismo difuso”, imposto de cima para baixo, criando em jovens de classe média, de excelente formação acadêmica, a sensação de que estão permanentemente fora do jogo, que nunca terão um emprego fixo em suas vidas, logo terão que ficar eternamente disponíveis para trabalhar ora em seu país ora no exterior, obrigado a se adaptar, de um momento para o outro a costumes e línguas diferentes da sua, se quiser sobreviver! Ter uma residência fixa? Nem pensar! Formar família? Vai sonhando! O que está ocorrendo, bem o assinala Standing, não é a proletarização da classe média, mas a sua lumpemproletarização, a semelhança dos trabalhadores diaristas, chapas, boais frias e outros, vagando sem identidade ou um projeto de vida permanente, apenas pela oportunidade de continuar vivendo, jogados de um lado para o outro – o trabalhador regredirá à mesma condição dos primeiros caçadores errantes do Paleolítico, sempre a busca de emprego, num mundo onde o trabalho com carteira será cada vez mais escasso e exaustivo, enquanto a aposentadoria ocorrerá cada vez mais tarde, em que pese a deterioração da mente e do corpo, acelerados pelo estresse da busca por emprego e a insegurança onipresente.
__ O resultado disso é a grande sedução, já observável em jovens europeus, por doutrinas e promessas “radicais” ligadas a um passado, que ao menos lhes dá uma esperança de estabilidade e antigos valores, em geral expressas por políticos populistas, demagogos, oportunistas, a revelia daqueles que ainda não tomaram consciência da perigosa transição que nos cerca, visível no crescimento tanto da direita nacionalista, conservadora, e da esquerda “revolucionária” em vários países da Europa, como a Frente Nacional e as explosões sociais na França, a vitória do espalhafatoso Brexit, na Inglaterra, fortes manifestações anti-imigração, a vitória de Donald Trump na EUA, a situação de quase levante criada na Alemanha por ocasião da cúpula do G 20 – a esse respeito a mídia noticiou que a polícia alemã vai recrudescer a vigilância sobre a extrema-esquerda no país, exatamente o que se fazia há 200 anos atrás, nas primeiras manifestações obreiras na Europa! Combatem-se os sintomas, ignoram-se as causas.
__ Nem todos são empreendedores, não é para qualquer um; ao contrário do que dizem os defensores desse novo sistema, a via empreendedora é muito difícil, veja-se pois o depoimento do empresário e escritor Eduardo Moreira, um empreendedor de sucesso, em um de seus artigos (leia-o completo neste blog): “Mal sabemos que o fracasso é a regra e o sucesso a exceção... Na verdade, com uma competição muito maior e barreiras de entrada quase inexistentes [possibilitada pelo avanço tecnológico e a queda das barreiras comerciais], a maior parte dos negócios passou a ser mais difícil e não mais fácil de dar certo. Dar certo será sempre o resultado de errar, errar, errar, até se exaurir todas as possibilidades que não dão certo e só sobrar a que funciona...” Quantas pessoas têm esse espírito? O que fazer com as que não têm? Quantos abrigos públicos serão necessários abrir para estas? Quantos se submeterão passivamente à ideia de que são fracassados, perdedores, e que não lhes resta nada mais que esperar o fim de seus dias vivendo da caridade de quem está sendo treinado para não ter caridade, uma vez que o emocional não interessa? É justo criar um sistema econômico em prol de uma minoria ou mesmo de uma maioria, apenas?
__ Jovens de todas as classes sociais, em especial os das nossas periferias, com formação precária ou sem vocação para o empreendedorismo, certamente dirão para si: “tudo bem, me submeterei à pobreza e a humilhação cotidiana para que os políticos possam continuar se elegendo e ricos empresários se tornem ainda mais ricos, explorando a mão-de-obra terceirizada, sem qualquer proteção, como eu, pelo bem da sociedade, que historicamente nos desprezou”. Em dezembro, aproveite, e espere uma visita de Papai Noel...
__ Não podemos esquecer que a lei da sobrevivência, e sobrevivência com dignidade, sempre se impõe, e para cada não dado a um trabalhador por um empresário, com base nessa lei, haverá um revolucionário na esquina a lhe destilar o ódio de classe ou um traficante pronto para recebê-lo de braços abertos, sem qualquer exigência ou condição prévia, exceto o da fidelidade, que a empresa e o governo lhe negam, jogando sua autoestima nas alturas, a ponto desfilar airoso, na sua comunidade, portando uma arma, como um soberbo caçador, à vista todos. Se não passar de um pequeno um vendedor, ainda assim terá direito à solidariedade de seu grupo na adversidade, sem falar da tranquilidade de saber que a dura lei do tráfico vale para todos, ao contrário do que ocorre na sociedade civilizada onde há foro privilegiado e a diferença entre advogados pode fazer a diferença na punição. Explique isso para um jovem pobre numa escola!
__ Por fim, se tudo der errado, haverá sempre uma cracolândia por perto, assim como um trabalhador “otário”, de quem se pode roubar algo, ou bens públicos à mão, para trocar pela ração diária de drogas, já que a de comida decente ficou inviável. As cracolândias são espaços absolutamente livres e democráticos, expressão máxima do individualismo amoral burguês, gestado tanto pela necessidade de sobrevivência dos esquecidos como pela frieza dos esquecedores em nossa mísera história social.

__ Estamos construindo, ou deixando construir, meticulosamente, um inferno para as futuras gerações. É hora de acordar! 

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