quarta-feira, 26 de julho de 2017

JOÃO DORIA E OS MOINHOS DA CRACOLÂNDIA

Prof Eduardo Simões

http://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/67/2017/02/03/3fev2017---vista-aerea-da-cracolandia-no-centro-de-sao-paulo-agosto-de-2016-1486159443335_956x500.jpg
uol.com.br 

__ Não deixa de ser tocante, o voluntarismo perceptível nas ações do atual prefeito de São Paulo em sua luta contra a persistente cracolândia, instalada nas ruas centrais de sua cidade, que tem resistido, impoluta, a todas as tentativas de extinção, por mais nobres que sejam as intenções ou rude a vontade de quem a afronta. De fato, para a solução desse desafio não basta apenas a boa intenção; como diz o aforismo popular, “de boas intenções o inferno está cheio”, do mesmo modo que a vontade, que ignora as circunstâncias que determinam a realidade a ser modificada, está fadada ao fracasso.
__ Pelo que podemos deduzir até agora – as nossas autoridades, e isso é histórico, não primam em esmiuçar os móveis de suas ações; talvez achem que perdem a “autoridade” quando dão muitas satisfações àqueles que representam (!) – o senhor prefeito parece ser movido pelo método da “bala de prata”: eliminar o problema de uma só vez com um golpe vigoroso, como quando se reduz um membro fraturado de uma pessoa, que é certamente derivado da mentalidade behaviorista do grupo político que lhe dá sustentação.
__ Numa intervenção social de natureza behaviorista não importam as razões ocultas sob a etiqueta de “afetividade”, é-lhe indiferente a forma como o “problema” é abordado, se na “marra” ou no carinho, o que interessa é o resultado, da mesma forma como pouco importa a história do organismo, a criatura ou o ser humano sobre o qual recairá a intervenção do agente, visto como que perfeitamente isolado e afetivamente neutro em relação a este; separa-os os hábitos, o comportamento. Em outras palavras: não importa as causas que levaram os viciados àquele estilo de vida, aparentemente tão miserável, o que importa é acabar, da maneira mais mecânica possível, com tal estilo de vida – talvez passe pelo gestor a mesma coisa que passava na cabeça do líder comunista Luís Carlos Prestes, quando, numa entrevista, lhe perguntaram sobre o internamento compulsório de opositores em manicômios, na Rússia, como o cientista Andrei Sakharov, ao que Prestes respondeu: “quem não gosta da União Soviética só pode estar doido!”
__ Para quem olha, sem preconceito e sem abrir mão de sua afetividade original, uma “falha” estrutural da espécie humana, quiçá escrita em seu código genético, não pode deixar de se abismar com o estado de degradação em que caem aquelas pessoas, visível em toda aquela sujeira e promiscuidade confusa que rondam as cracolândias, assim como não dá para evitar a sensação de que estamos diante de um grande desafio e um grande mistério; como pode um ser humano se acomodar a isso? O que leva uma pessoa a ficar nesse estado? O que se pode fazer? Seria absurdo alguém imaginar que eles fazem isso só para “provocar” as pessoas de “bem” ou que as cracolândias existem apenas por causa do tráfico de entorpecentes, que, decerto preocupa, mas há causas mais profundas, aparentemente ignoradas, a levar os gestores a dedicarem-se apenas em intervir nas consequências: as cracolândias em si ou o combate aos traficantes, sem resultados consistentes – jornais já denunciam que viciados estão voltando para a área da cracolândia, desocupada á força pela PM e Guarda Municipal, em maio, numa ação cinematográfica... As chances da iniciativa de Doria na cracolândia dar certo são quase nulas; mas para não ficar apenas na crítica deixo algumas sugestões de como abordar essa questão:

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http://veja.abril.com.br

__ A primeira coisa a fazer é respeitar os pertences dos viciados, pois neles existe uma memória carregada de afetividade. Um plástico, uma caixa de papelão, aquela veste ou cobertor velho, sujo e rasgado, já abrigou alguém ou um animal que ele já amou ou com ele compartiu a solidão das ruas, etc. Um plástico, precariamente preso a um muro, é, para essa gente, como uma casa, um lar ou um abrigo para nós, e da mesma forma que um agente público não pode invadir uma casa sem uma ordem judicial, ninguém deveria ter o direito de tomar e dar fim às coisas dessa gente sem. Os pertences dessa gente não são apenas “objetos velhos” que o gestor público troca por “novos”, achando que fez uma ação digna de um bom escoteiro, mas antes memórias que precisam ser respeitadas, enquanto se propõe a possibilidade de novas memórias, daqui por diante, em novos e limpos cobertores fornecidos pela sociedade, por meio dos gestores e seus agentes que a representam.
__ Mas isso toma tempo e tem custo mais elevado do que simplesmente pegar essas coisas e substituí-las, à força, por novos objetos de igual serventia. O PSDB precisa definir quando vai começar a gerir gente ou se continua apenas com a gestão de patrimônio público material; e a sociedade paulista também precisa se decidir e deixar bem claro a sua opção a esse respeito, para que seus membros, nas ruas, comecem a agir e a se envolver para garantir a melhoria da qualidade das relações humanas no espaço público, ao invés de fazer o que é regra atualmente: segue adiante, fingindo não ver o que está acontecendo.
__ Segundo, é preciso entender as cracolândias como o fruto final, maduro, de uma série de mazelas sociais, com um largo histórico na nossa sociedade, e para isso basta considerar a origem das pessoas que estão lá que, pelo pouco que sabemos, por meio da grande imprensa, são majoritariamente pobres – convenhamos que fora dos momentos de grande impacto, como mais de mil policiais cercando e dispersando os viciados, além de um ou outro episodio da crônica policial, como o assassinato do segurança que foi resgatar uma jovem, quase nada se fala sobre essa microssociedade e sua dinâmica interna. Só nos interessamos pelos pobres quando suas inciativas ofendem o Código Penal, criado para regular os conflitos da classe média e alta do país.
__ Mas a gente das cracolândias não é só pobre, em sua maioria, é também jovem, muitos menores de idade, incapazes de discernir corretamente toda extensão de sua terrível escolha: ir morar ali. Será que havia, para eles, alternativa? Aqui nos defrontamos com um estorvo histórico, o pior deles, numa sociedade de matriz escravocrata: o que fazer com as crianças, em especial as nascidas dos escravos, que também eram necessárias para aumentar o “plantel”, e reduzir as despesas e os riscos com a compra de novos escravos. Havia aí uma “opção de investimento” difícil: cuidar bem do menino, até que ele se tornasse um jovem forte e fosse vendido por um bom preço, correndo o risco de nesse meio tempo ele adoecer gravemente, se acidentar, morrer ou fugir, ou explorá-lo, desde a mais tenra idade para reduzir as “despesas” de manter uma criança, que não produz e só consome. Os resíduos dessa fase histórica, presentes até hoje nas famílias de vastas regiões do Brasil, apontam para a segunda alternativa. Nos últimos anos do século XX, as leis se multiplicaram e se esmiuçaram numa tentativa de libertar crianças de trabalhos totalmente inadequados, insalubres, como pedreiras e carvoarias, nos sertões, para não falar do turismo sexual com adolescentes quase crianças, nas cidades litorâneas, e levá-las para a escola, e muitos ainda há, herdeiros do passado colonial, que consideram a educação de seus filhos não um investimento para o futuro, mas uma despesa excessiva no presente.

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g1.globo.com

__ Aqui topamos com outro problema estrutural grave: nossa incapacidade histórica de criar e preservar uma cultura de valorização da educação em todos os seus aspectos: familiares, escolares e sociais. A família tradicional está muito desestruturada, e a criança continua sendo tratada como uma espécie “patrimônio material” da família, por pais imaturos. Há uma explosão da gravidez precoce, para a qual o estado toma medidas paliativas à conta-gotas, quando não ignora. As promessas de cuidados e educação para a infância e a adolescência, os dados estatísticos o comprovam, estão entre as menos cumpridas por nosso políticos.  
__ Eles, os políticos, por sua vez, não perderam a oportunidade para dar um mau exemplo, postergando ao máximo a criação de um sistema educacional nacional, a primeira lei a esse respeito data de 1961, enquanto a maioria dos avanços educacionais ficam só em promessas ou no escamoteamento de dados estatísticos, grosseiramente desmoralizados toda vez que o país participa de alguma bateria de testes internacional. A questão educacional é discutida apenas sob o viés quantitativo, que pode ser apresentado como dado “concreto” durante as disputas eleitorais, enquanto o aspecto qualitativo fica relegado ao último plano, fazendo com que a principal causa do abandono da escola por jovens seja o desinteresse pelo que acontece nela. Uma escola que não forma para a vida real não encanta o jovem. A criação dessa escola, hoje, é-nos um mistério, porque nós nunca desenvolvemos e difundimos na nação uma teoria educacional científica que fosse aceita pela maioria e a ensinasse a lidar com a formação de crianças, simplesmente porque isso nunca foi prioridade para a nossa sociedade – nós somos o único país do mundo civilizado a massacrar toda uma elite de grandes educadores, mandando a prendendo a uns (Lauro de Oliveira Lima), torturando a outros (Maria Nilde Castellani), exilando a alguns (Darcy Ribeiro e Paulo Freire), assassinando a outros (Anísio Teixeira), quando no mundo inteiro acontecia uma incrível revolução educacional.  Um jovem aspirante ao trabalho, sem uma formação adequada, não é um alvo fácil da cracolândias?
__ E o espaço público? Outra formidável fonte de aprendizagem, hoje fechado às crianças e jovens das grandes cidades, por questão de segurança, uma vez que o Estado Brasileiro prima pela desorganização e ausência de rumo no trato dessa questão. As balas perdidas, os sequestros, os latrocínios marcam a marcha do fracasso da segurança pública no país. A ida a um simples baile juvenil, uma das experiências mais prazerosas dessa fase, tem sido, para muitos jovens, em especial os mais pobres,  uma sentença de morte. Jovens de classe média são isolados e impedidos, por seus país, da convivência nos espaços públicos das grandes cidades – ficou famosa uma matéria, num programa de variedades da TV, que mostrava jovens de classe média-alta do Rio de Janeiro, que conheciam razoavelmente bem as ruas de Miami, nos Estados Unidos, mas nunca tinham ido, por medo ou conforto, ao centro de sua própria cidade. Eles ficaram pasmos com o que viram. Ao jovem de classe baixa fica a ameaça de morte prematura, por bala perdida, em casa ou na escola, ser assaltado ou brutalizado por outros jovens de sua classe social, sem falar do cerco de traficantes, dentro da própria escola, por jovens criminosos, para lá enviados por autoridades do Poder Judiciário, antes de estarem recuperados. Se um jovem aluno promissor dessa escola cair na “cantada” ou na pressão desses minitraficantes ou “aviõezinhos”, e acabar, por isso, morando numa cracolândia, de quem é a responsabilidade?         
__ Por fim, ninguém decide de repente, num belo dia, largar tudo e ir morar na cracolândia mais próxima; antes uma série de acontecimentos fortuitos ou estruturais, negativos, ou não – grandes vitórias pessoais, mal administradas, podem causar estragos num psiquismo “fraco” – arrastaram essas pessoas para as ruas. Cada ser humano, diferente dos ratos que os behavioristas criam em laboratórios, reage de uma maneira diferente aos sucessos e aos fracassos da vida, alguns passíveis de serem minorados e até evitados pelas autoridades públicas, outros não. As autoridades podem gerar mais estabilidade social dando bom exemplo de comportamento ético, roubando menos, estimulando com medidas corretas o sistema econômico para que haja mais e melhores empregos, etc., mas não podem evitar o colapso de alguém como resposta a uma perda pessoal irreparável, mas decerto que a parte do governo precisa ser feita, e muito bem feita, para que a vida na sociedade não viciada pareça mais interessante e desafiadora, e não a “droga” que as vezes parece ser, até para quem não é viciado... Uma coisa é certa: os moradores desses ajuntamentos já estavam gravemente alterados antes de irem para as ruas; a cracolândia apenas os acolheu, já que ninguém mais os acolhe.
__ Feito essa avaliação inicial, podemos passar agora a algumas sugestões para a solução desse problema.

Nem só Quixote nem só Sancho Pança

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__ A gestão pública, assim como a vida de um indivíduo, terá mais possibilidade de sucesso se souber encontrar a sintonia fina entre o idealismo do gestor e a análise fria do técnico, sobre as características do meio que se quer transformar, para decidir sobre a melhor intervenção. O problema dos nossos gestores quanto a cracolândia é que eles até agora só viram um dos polos da questão, ignorando o outro. A ação de Doria, por exemplo, parece muito com a arremetida direta de Quixote contra os moinhos de vento, a natureza realidade não muda pela desmedido da ação tomada, enquanto a de Haddad, no outro extremo, assemelhou-se à de Sancho Pança: “os moinhos estão lá, o jeito é conviver com eles”, num movimento de acomodação não transformadora.
__ A primeira consciência que o administrador deve ter quanto a esse problema é que, conforme descrevemos acima, ele tem raízes vastas, profundas e antigas, em nossa sociedade, sendo, portanto, necessária uma ação conjunta de gestores dos três níveis (municipal, estadual e federal). O fim das causas das cracolândias deve se tornar um grande objetivo nacional, e para tanto urge que esses gestores tomem uma série de medidas, cada um no seu nível, que pressionem as raízes sociais do problema, a saber: uma ação policial mais planejada, profunda e de longo prazo contra o tráfico de entorpecentes; ações que protejam as famílias, em especial aquelas que estão numa situação de vulnerabilidade; um combate mais consequente contra a gravidez precoce, transformando-a numa ação de direito público, e estender também aos genitores dos pais os cuidados para com o recém-nascido; incentivar uma cultura nacional de solidariedade e apoio mútuo entre vizinhos e comunidades; melhorar a política atual de segurança pública; cuidar, por meio de uma reforma que vise a qualidade do ensino, para que as escolas se transformem em polos de atração da juventude, como já acontece em alguns países, como a Finlândia, e já aconteceu em São Paulo com os ginásios vocacionais; etc. Tomadas essas medidas, só resta aos gestores torcer para que os gestores seguintes mantenham ou aprofundem as medias tomadas, que não darão resultados do dia para a noite, ou apenas em uma ou duas gestões, pois propõem uma mudança básica na sociedade, em muitos de seus alicerces. Décadas talvez se passem até as cracolândias se transformarem numa longínqua reminiscência do tempo em que os brasileiros só queriam enxergar o seu próprio umbigo
__ Porém, muitos são os alvos em várias direções distintas, por onde começar? A qual desses problemas, ou grupo de problemas, deve-se atacar primeiro? Simples: faça-se uma ampla pesquisa entre os moradores da cracolândia, e busque-se saber qual é o fator que predomina na busca deles por esse tipo de vida, e analise-se com cautela o que o estado pode fazer para reduzir ou eliminar esse ponto fraco da estrutura social – numa linguagem de gestores, isolar o problema e colocar foco no item mais frágil do sistema, e que está impedindo que ele alcance o seu objetivo. É preciso levar a sério o que essa gente pensa, pois o que eles passaram e passam, ainda tão jovens, levaria muita gente adulta, que os julga com tanta pressa e desprezo, direto para o manicômio.
__ De imediato o estado precisa deixar bem claro que se interessa por essa gente pelo simples fato de eles serem humanos, seres com um potencial infinito de realização e atos bons pela comunidade em que vivem – considere-se o caso do morador de rua, na Inglaterra, que salvou várias pessoas num incêndio recente – merecedores, portanto de toda simpatia e torcida, da parte de todos, a fim de que consigam superar sua difícil situação, se for o caso.
__ Em segundo lugar o Estado, e mais ainda o governo, tem o dever, senão a obrigação, de mostrar para com eles toda a simpatia e interesse genuínos, pelo simples fatos deles serem brasileiros, e como tais portadores de direitos inarredáveis, em vista dessa condição, que nem deveriam ser lembrados, uma vez que antes desses direitos se impõe o imperativo moral de “amarmo-nos uns aos outros”.
__ Em terceiro lugar o Estado deve lutar com calma e resolução pela conquista e manutenção de cada espaço dentro das cracolândias, talvez por meio de um grupo de policiais especializados, capazes de enfrentar com força e autoridade qualquer iniciativa violenta dos traficantes, que se aproveitam dessa gente, evitando ao máximo, é claro, conflitos ou troca de tiros dentro das cracolândias, mas também serenos e capazes de ajudar a quem quer que esteja passando mal ou precisando de auxílio médico urgente – outra alternativa seria esses policias circularem dentro da cracolândia acompanhando, para proteger e auxiliar, a agentes de saúde. O objetivo dessa ação seria modificar a imagem da polícia na cabeça dessa gente, associada, não sem razão, a uma violência unilateral, de opressão classista (“só me agridem porque sou pobre!”), e por meio dela ganhar a confiança de muitos na cracolândia, que começarão a procurar os policiais para pedir orientação e ajuda para um tratamento. E assim, ganhando corações ementes, começaremos a ver um processo inverso, de diminuição, das cracolândias no Brasil.
__ E os traficantes, o que fazer com eles nas cracolândias? A primeira coisa é perceber que o que mais interessa a esses criminosos é a discrição, porque eles têm consciência que o que fazem é muito errado, logo é preciso que fique bem claro para eles e para todos que, toda vez que surgir uma cracolândia, em qualquer lugar do país, imediatamente serão instaladas câmeras de monitoramento, e equipes prontas para identificar e prender os bandidos na primeira oportunidade que houver. Transformar enfim o supermercado da droga numa atividade de risco para o tráfico, pela exposição dos traficantes.
__ Segundo, qualquer ação violenta deles a uma iniciativa da polícia deve ser respondida com uma chegada em massa da polícia, não para bater ou constranger os moradores do lugar, mas antes, de forma cirúrgica, com o intuito de investigar e prender a bandidos específicos, de sorte a lhes convencer que o pior para eles é crescer para cima das autoridades, tirando partido daquilo que acima de tudo pretende o tráfico: ganhar dinheiro, se possível negociando pacificamente a sua droga, como se fosse uma mercadoria qualquer – QUE NÃO É!
__ Por fim é necessário, e o Estado Brasileiro, nas três esferas de poder, também pode contribuir muito com isso, principalmente por meio do bom exemplo ético-moral de políticos e autoridades, resgatar ou criar valores e hábitos elevados de convivência e sociabilidade, adaptados à nossa realidade nacional, republicana e democrática, que abarquem, protejam, orientem e movam o indivíduo, as famílias, as comunidades e a nação, de sorte que não seja mais possível esperar tanto tempo antes de agir, diante do crescimento das cracolândias, como se a sorte dessa gente não nos interessasse.
__ As cracolândias são apenas um sintoma; sintoma de uma indiferença e de uma crueldade antiga, endêmica, selvagem, presente no nosso projeto primordial de nação, e assim como nós sabemos de sua origem, espero um dia saibamos de sua cura e a assumamos resolutos, ao invés de continuarmos a nos espatifar a cada investida contra esses moinhos de ventos.

__ Espero viver para ver isso...

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