FALÊNCIA
JÁ!
Eduardo
Simões
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Há uns vinte anos, num programa da Rádio Aparecida AM com a então futura
secretária de educação de Aparecida, Maria Lucia Chad, apresentei meus temores quanto
ao avanço da municipalização na educação, decorrente de absurda iniciativa de
nossos ilustres congressistas, na atual LDB (eles tinham que estar por trás
disso!), uma vez que nunca tivemos uma tradição municipalista forte, antes
sempre fôramos, e ainda somos, muito dependentes do poder federal – basta
perguntar a uma amostra de transeuntes quantos sabem o nome do Presidente da
República e quantos sabem o do seu prefeito.
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Meus temores se fizeram amplamente realidade, e ainda ontem escutei num jornal
televisivo que um estudo da BBC inglesa constatou que a corrupção estava
prejudicando fortemente o desempenho educacional do país, e que numa amostra de
municípios cerca de 33% apresentavam indícios de desvio de verbas. Querem
apostar como eles são, em sua maioria, os mais pobres, os que mais necessitam
de redenção pela educação? As disparidades regionais, e até locais, deverão
disparar... ainda mais. Compare-se isso à sabedoria finlandesa de iniciar a
reforma, que levou seu país ao ápice da educação e do desenvolvimento, justo
pelos municípios e regiões mais pobres!
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Aliás, quando votaram essa lei, muitos entre “eles” justificaram que o melhor
combate à corrupção seria aquele feito pelo cidadão comum, em nível municipal.
Estou tentando me conter... é muito descaramento, muito mal caratismo ou
completa ignorância do que ocorre nesse país, supor semelhante coisa! Denunciar
um prefeito ou secretário que esteja desviando verba é comprar uma briga
seríssima com alguém que, invariavelmente, é mais rico e influente que você na
sua cidade, que é seu vizinho, sabe onde você mora, conhece seus hábitos e os
de sua família; esse “bandido” não é nem igual a você perante a lei: ele é
superior, pois goza de foro privilegiado e geralmente se defende com os
melhores advogados, enquanto que você, e boa parte dos munícipes, tem que fazer
uso de defensor público ou de advogados inexperientes ou recém-formados, como nossos
parcos salários permitem. E quanto ao Poder Judiciário? Dá-nos este algum
alento? As grotescas variações de decisões de nossa corte mais alta mostra-nos
que talvez seja preferível apelar para o “cara-ou-coroa”. Nem a vantagem de um
calvário breve e barato a nossa “justiça” garante.
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A situação da nossa educação básica periclita e piora muito a cada instante em
que hesitamos em tomar medidas enérgicas e continuamos a fingir que nada está
acontecendo. É PRECISO REVERTER A MUNICIPALIZAÇÃO JÁ!
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